quinta-feira, 28 de agosto de 2008

assalto contra o ideal


os quais, textos, escrevi o quase limite das minhas experiências beirando o ilegível; não os inscrevi, por provocação, em certo concurso literário muito famoso e concorrido por aqui porque perdi o prazo: mas não o tempo: mais uma parábola para uma estrela dançante


00:00—00:01—00:02

— “Já chega a dezesseis o número de vítimas do.” — Jornalistas: sempre querem parecer tão sabidos.
Matagal à beira da lagoa…
— Gosto disso não, sabe?
Matagal à beira da lagoa sob o outro ponto de vista: Ele chora, sem dignidade: sendo o sujeito com a arma apontada pra cabeça ele gosta ainda do.
— Tem certeza?
Modorrento e nu ele diz: espaço fora do tempo para o que ele diz; ao longe se ouve um tiro e talvez ele não tenha nem. Lembra do que viu pela manhã? Um sorriso de menina: atravessou em. Ela, adulta, sorria ouvindo:
— Me leva a sério não, vai lá.
O tempo de uma coruja atravessar uma rua, uma daquelas corujas brancas e fantasmagóricas, é esse, mas também é maior e. No segundo seguinte (pertence às coisas fora desse tempo) olhos vão se abrir e corpos vão se erguer pela metade, para, logo depois de. É o tempo dos dormentes e dos amantes que vai. Alguém com alguém que não. Do outro lado do mundo, os cangurus despertos e ensolarados farejam que.


ESTÉTICA KANTIANA SEGUNDO O DIVINO

Sob a agulha sismográfica dos.
“Amar a Deus acima de todas as.”
As mentiras, segundo minhas investigações filosóficas & científicas, se assemelham a órgãos sexuais infectados por doenças venéreas, pois desde o século XVII, já se praticava o.
— Vai, amor, me chama de.
— NÃO, NÃO, NÃO! Por.
— Pára de chorar, cala boca e.
Agressões físicas e extorsões cercam. Grilos. Gatos.
— É cinco real, e aí?
— Um cigarro. E é se.
5/100 = 0,05 = melhor que. Passa um trem. Pneus mastigando a areia rumo a. Passos e cães despertos que. Vazio: vazio: vazio: vazio elevado a potência infinita.O artista do século: ligado aos sensores que lhe transmitiram, num segundo, todas as sensações do. No segundo seguinte, estava morto e sem. Segundo o repórter agasalhado e careca, com a cidade de Moscou, Nova Iorque ou Bombaim ao fundo, os médicos alegaram que.


FAIXA 13 REVISITADA

31 de dezembro de 2008…
— Sabe quanta coisa eu queria dizer pra ela?
— Não.
— Nem eu. Também não sei o que ia dizer, mas com ela do meu lado eu precisava dizer alguma coisa.
Um dia de julho daquele mesmo ano…
— Você é maluco? Como é que foi fazer uma aposta assim? — Apesar disso, ela ria. Ele a via como se pudesse vê-la com os olhos da mãe dela.
— Se pra levar você pra cama eu tiver que beijar o primeiro PM que eu encontrar, então eu vou beijar o primeiro PM que eu encontrar. — Nunca teve um sorriso tão confiante. Mas a verdade é que ninguém saiu do bar; a aposta (sobre o que era mesmo?) virou brincadeira inconseqüente. Ele e ela passaram semanas e semanas e semanas sem se ver, e pensaram no que se passou até que a brasa virou cinza. Agosto: — Quer o meu sangue também? Não lhe basta o meu tempo? Eu estou desperdiçando a vida, sabia? Desperdiçando a vida! — Gostou da frase e repetiu até ficar chato. Viu um homem que conhecia só de vista atropelado e morto sobre o asfalto. Da última vez que o vira vivo, conversava com amigos, parecia feliz, o vento brincava com a sua barba. Setembro… Outubro… Novembro… O cinema é a melhor diversão. Os jornais ainda trazem notícia e nenhum telefonema era inesperado. Um copo de vinho pela metade. O vulto de um homem sentado. Uma voz mecanicamente reproduzida. All’alba vinceró! Dezembro…Põe as mãos nos bolsos, depois de se despedir do último amigo do século anterior, caminha como quem não quer ser visto. Está só. No litoral, a cidade comemora.

Nenhum comentário: